“Dragão tatuado no braço”

[Lollapalooza, SP] Amo praia e mato, mas não dispenso o ambiente urbano. Adoro a diversidade que a urbe oferece. Entre tantas selvas de pedra, SP reina absoluta. Lembro a primeira vez que visitei SP. Cheguei numa sexta. Não esqueço porque abri o jornal e havia um suplemento semanal com mais de 100 páginas de atrações artísticas. 100 PÁGINAS! Eu precisaria de uma vida inteira para aproveitar uma semana típica de SP. A diversidade de opções culturais foi um choque para alguém como eu, que respira arte, mas o impacto maior foi ver a convivência de tipos humanos tão diversos .Em SP… Cabelos coloridos, piercings múltiplos e tatuagens reveladas por camisas rasgadas de bandas de rock. Cabelo cortado, barba feita no dia e terno sóbrio. Poderiam ser estranhos no metrô. Amigos num show. Ou um casal de mãos dadas no cinema. Em SP, as singularidades se multiplicam. Inclusive, internamente. Cidades pequenas oferecem aconchego, mas nem sempre contemplam toda a multiplicidade do eu. Quando não exploramos nossas possibilidades, nos tornamos paisagens sem mapas. Sempre me senti deslocado por ser “diferente”. Em SP, eu nunca me senti só. SP reconhece mesmo aqueles que não se conhecem: a multidão nos abraça. SP me ensinou a ser grande.